Mobilizadas por boatos de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na iminência de ser preso, cerca de 50 pessoas iniciaram ontem à noite vigília em apoio ao petista, em frente à residência do ex-presidente, localizada no Centro de São Bernardo.
O ato foi marcado por meio das redes sociais, após informações serem disseminadas na internet de que a Operação Lava Jato estaria preparando ação para deter Lula. A primeira notícia foi publicada pelo blogueiro Eduardo Guimarães. Segundo o jornalista, há “informações fidedignas e verossímeis de que Lula pode ser preso a qualquer momento. Não será de espantar se a prisão ocorrer na próxima segunda-feira (hoje)”, diz o artigo.
A manifestação pró-Lula iniciou por volta das 21h e permanece no local, na manhã desta segunda-feira (17/10). Vestidos de vermelho, munidos com bandeiras do PT e com cartazes com a foto do ex-presidente, simpatizantes do petista – a maioria filiados ao PT – entoam gritos de ordem, como “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.
ACUSAÇÕES
No fim de fevereiro, uma semana antes da Justiça Federal decidir pela condução coercitiva do ex-presidente para prestar depoimento em um inquérito da Lava-Jato, esse mesmo blog havia publicado uma notícia sobre a quebra de sigilo bancário de Lula. O suposto vazamento foi investigado pela Polícia Federal.
Lula é réu em três ações penais, que correm em Brasília e Curitiba. Na última quinta-feira, a Justiça Federal de Brasília aceitou abrir processo após receber a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de que Lula teria recebido dinheiro da Odebrecht por meio de palestras feitas no exterior para defender interesses da empresa.
Também em Brasília, Lula é acusado de tentar obstruir a Justiça ao supostamente tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A suposta participação do petista nesse esquema foi denunciada pelo ex-senador Delcídio do Amaral.
A terceira ação contra o ex-presidente tramita em Curitiba, onde ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões da OAS, de forma dissimulada, por meio de um tríplex no Guarujá, litoral paulsita, e do armazenamento do acervo da Presidência da República.
DEFESA
A defesa de Lula nega todas as acusações. Segundo os advogados, o ex-presidente nunca defendeu o interesse de nenhuma empresa, tem como comprovar que fez todas as palestras que foram contratadas, não interferiu no depoimento de Cerveró e nunca foi proprietário do apartamento do Guarujá, que continua em nome da OAS.
A força-tarefa da Operação Lava-Jato ainda investiga se a Odebrecht e a OAS pagaram propina a Lula por meio de reformas feitas em um sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. A propriedade está em nome de amigos do ex-presidente e, segundo os advogados, nesse caso também não houve crime.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, tem dito que Lula está sendo vítima de lawfare, termo jurídico empregado quando autoridades usam as leis para tentar incriminar um inimigo, com o objetivo de tirá-lo da disputa pela presidência em 2018.