Os peixes e outros seres marinhos circulando à vista de todos, até mesmo nas menores poças d’água, a mata intocada e o habitante nativo reforçam o carimbo de paraíso que a Ilha dos Frades, em Salvador, adquiriu ao longo do tempo. Com aproximadamente oito quilômetros de extensão, a ilha é de acesso exclusivo a barcos particulares e escunas de turismo. O local atinge, entre os meses de novembro e março, o pico de até 5 mil turistas em apenas um fim de semana, entre visitantes nacionais e internacionais.
A maioria dos visitantes conhecem a localidade pelo esquema bate e volta, com permanência de seis a oito horas. Curiosamente, a ilha possui formato de uma estrela de 15 pontas, possuindo em praias em todas elas. Desde 1982 o lugar foi tombado como reserva ecológica, passando a integrar a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baía de Todos os Santos.
Única opção para hospedagem, a Pousada Janaína é gerida por Conceição de Jesus, 60 anos. Nativa da ilha, ela é responsável pelos quilinhos a mais dos visitantes que desfrutam dos quitutes sempre baseados na cozinha regional nordestina, como raízes cozidas, refogados, moquecas e um cardápio especial de frutas.
“Estamos funcionando há 25 anos. Recebemos turistas do mundo inteiro e eles, sempre que podem, retornam trazendo amigos e familiares, porque realmente gostam da praia e do que oferecemos por aqui”, diz Conceição. O estabelecimento tem apenas cinco suítes e diárias a partir de R$150 para o casal, com café da manhã incluso. O almoço sai a partir de R$ 20 por pessoa.
Roteiro – Dentre as opções de diversão na Ilha dos Frades consta a Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, construída possivelmente no século XVII e que dá nome à principal praia do lugar. Neste início de dezembro, a atração teve a confirmação da renovação do selo Bandeira Azul, com processo conduzido pela Secretaria Cidade Sustentável e Inovação (Secis), em parceria com entidades como a Fundação Baía Viva. Concedida pela Foundation for Environmental Education (FEE), a certificação premia a qualidade das principais praias em todo o mundo, seguindo critérios como segurança, qualidade da água, gestão e educação ambiental.
“Além da pequena pousada com restaurante, fruto de uma das ações do Baía Viva, há um local reservado para camping. Mas, em geral, a atividade de hotelaria ainda é bastante embrionária na Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe. Entretanto, vinda do selo representou um aumento significativo do público visitante em toda a Ilha dos Frades”, explica Isabela Suarez, presidente da Fundação Baía Viva, organização que atua na preservação do local.
O roteiro inclui ainda as praias do Loreto, da Viração, do Tobar e Tobazinho, entre outras. Além do banho, outras atividades constantes por lá são o mergulho e a vela. Para chegar até à Ilha dos Frades, o visitante tem duas opções. Uma delas é pegar uma das escunas que saem diariamente do Terminal Náutico da Bahia, no bairro do Comércio, com preços a partir de R$60 por pessoa. A outra opção é seguir até o município vizinho de Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador, onde há lanchas que fazem o trajeto regular ou fretado.
História – De acordo com historiadores, a ilha ganhou a denominação “dos Frades” por conta de religiosos que se abrigaram na localidade após escaparem de um naufrágio. Contudo, acabaram sendo devorados por índios da etnia Tupinambá que residiam por lá. A ilha também foi entreposto de escravos para o Recôncavo Baiano. Uma das áreas da região funcionou como leprosário. Uma das grandes figuras históricas da Ilha dos Frades foi o Barão de Loreto (1836-1906), personagem política da época do Império.
Fundação Baía Viva – A Fundação Baía Viva é uma entidade formada por empresários unidos para realizar ações para tornar a região visitável. O objetivo é valorizar o desenvolvimento da Ilha dos Frades e do turismo náutico, além de fazer com que a Baía de Todos-os-Santos seja um lugar agradável à visitação. Mais informações podem ser obtidas pelo site da entidade.