Aluna da Escola de Medicina da Universidade Yale, nos Estados Unidos, a paranaense Thais Faggion Vinholo desembarcou na Bahia para, com a vivência adquirida no Hospital Geral Roberto Santos, concluir sua tese de doutorado sobre a microcefalia associada ao vírus da Zika. Ela, que é orientada pelo professor e pesquisador Albert Icksang Ko – infectologista que faz parte do Grupo de Trabalho sobre o Zika em que está inserido também o HGRS –, conta como se surpreendeu com a dinâmica adotada pela instituição em Salvador.
“A microcefalia associada ao Zika vírus é um tema que tem gerado muito interesse nos Estados Unidos. Antes de chegar ao Brasil, eu imaginava que sabia o que estava acontecendo, mas, depois de uns dias aqui, entendi que tinha muita noção apenas de números. O Roberto Santos me ensinou a colocar um rosto ao lado de cada número”, conta Thais.
Segundo ela, apesar das poucas certezas em relação ao futuro das crianças com microcefalia, o cuidado do Estado com as famílias afetadas pelo mal pode mudar a maneira como esta geração viverá: “o amparo à família é bastante discutido pela medicina norte-americana. Acredita-se que o apoio conjunto define a estrutura daquele núcleo que convive com um ente com necessidades especiais. Sabemos dos poucos recursos que o Brasil tem, e não estou aqui para falar mal do Brasil ou da Bahia. Pelo contrário, mesmo com limitações financeiras, fiquei admirada com o empenho da equipe multidisciplinar do HGRS. Dos médicos aos profissionais que realizam visitas domiciliares, em todos eles vi carinho e vontade de fornecer informações a quem precisa”.
Em sua estadia pelo Hospital Geral Roberto Santos, Thais conheceu as unidades neonatal e de pediatria, ambulatórios e também participou de visitas para aplicação de questionários padrões às famílias de crianças com microcefalia. A estudante, supervisionada pela neuropediatra Adriana Motta, pelo oftalmologista Bruno de Paula e pela fonoaudióloga Joseane Bouzon, ainda teve acesso à revisão de prontuários. Sobre a experiência, a representante de Yale conclui: “a conexão humana do brasileiro é o que falta aos outros povos. Além de bem treinados tecnicamente, os baianos humanizam o atendimento que oferecem”.
Fotos: Amanda Oliveira/GOVBA