“Só pode falar em fim das cotas raciais quem não é negro ou não sabe do drama dos negros, quem não teve – como eu – que depender da trouxa de roupa que minha mãe lavava e da colher de pedreiro do meu pai”. Assim o vereador Edvaldo Brito (PSD) se posicionou hoje (27.03) na tribuna da Câmara Municipal contra projeto no Congresso Nacional que propõe o fim das cotas raciais. Segundo o vereador, quem propõe algo desta natureza desconhece as consequências da abolição da escravatura sem indenização, provocando as dificuldades da maioria da população negra brasileira jogada ao Deus dará, que não tem recursos, não tem acesso a boas escolas e vive em locais inadequados. Ele acrescenta que o negro não pode, por exemplo, frequentar cursos de idiomas, fazer intercâmbios para estudar línguas ou fazer cursos de especialização, e pergunta: “Como ele vai competir em igualdade de condições se não tem igualdade de oportunidades?” Brito prometeu se articular em nível local e nacional para que um projeto desta natureza jamais chegue ao plenário para votação: “Serão necessários décadas ou séculos para que a população negra possa superar a difícil realidade atual, por isso devemos lutar para que permaneçam as cotas, pois é uma forma de reparação, uma forma de antecipar esse tempo de igualdade, é um meio de dar à população negra o acesso às escolas técnicas e às universidades”.