O excesso de bebida alcoólica continua sendo uma preocupação dos profissionais que atuam no módulo de saúde montado no Festival Virada Salvador 2019. O consumo exagerado de álcool pode provocar problemas graves e levar até mesmo ao óbito. No segundo dia de festival, foram registrados 139 atendimentos no módulo de saúde, sendo náuseas, cefaleias e intoxicação alcoólica as principais causas das admissões no posto, com 115 ocorrências, seguido dos procedimentos cirúrgicos (16) e traumas ortopédicos (08).
Desse total, apenas seis pacientes necessitaram de transferência para unidades de saúde de retaguarda para realização de exames e consultas especializadas. O Pronto-Atendimento Alfredo Bureau, no Marback, segue com equipes reforçadas para servir de referência nos casos que demandarem avaliação com especialistas e/ou exames complementares.
No Festival Virada Salvador do ano passado, 80% dos atendimentos realizados no módulo assistencial à saúde, montado na Arena Daniela Mercury, foram relacionados à intoxicação por bebida alcoólica. Para evitar a repetição da situação, o coordenador de urgência do Município, Ivan Paiva, faz algumas recomendações a quem vai curtir o Réveillon de Salvador.
A primeira delas é evitar bebidas com alto teor alcoólico, a exemplo da vodca pura ou em drinks preparados, como a roska. Enquanto a cerveja apresenta um teor alcoólico de 5% a 9%, a vodca tem um teor alcoólico de 35% a 60%. Paiva explica que as bebidas com alto teor alcoólico aceleram o processo de intoxicação (a famosa embriaguez) no indivíduo.
A segunda orientação do médico é em relação aos adolescentes. “A situação é preocupante por dois motivos: primeiro porque é ilegal vender bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. Segundo, porque as pessoas com essa faixa etária têm uma tolerância menor ao álcool. Nós recebemos alguns, inclusive, em coma alcoólico”, conta o coordenador. Nesses casos, os pacientes só saem com a presença dos pais ou, quando se recusam a contatar os pais, são encaminhados para o Conselho Tutelar.
A terceira recomendação do médico é não aceitar bebidas de estranhos e preparadas artesanalmente. “Pode conter alguma substância que provoque reações indesejadas”, pontua. Além disso, é importante se hidratar, intercalar o álcool com água, se alimentar bem e evitar fazer misturas, tanto de bebidas variadas, como entre bebidas e substâncias ilícitas.
Riscos – Na primeira fase da ingestão do álcool, o indivíduo começa a ficar eufórico e a perder um pouco os reflexos. Na segunda, a voz começa a ficar embolada, há perda de equilíbrio e a parte neurológica é afetada. Na terceira, a respiração é deprimida e tem início o estado de coma. Os sintomas mais leves são o da ressaca, que inclui dor de cabeça, tontura, desânimo e sensação de boca seca. No estado de coma, o vômito sem a proteção das vias aéreas pode ir para o pulmão e levar o indivíduo à morte.
Se mesmo assim a embriaguez bater, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disponibiliza um módulo com 20 leitos equipados com suporte avançado de vida e duas ambulâncias de prontidão para o transporte imediato de possíveis ocorrências com maior gravidade. O módulo assistencial instalado para o evento funcionará até a segunda (31), das 18h às 6h do dia seguinte. Em 1º de janeiro de 2019, funcionará das 14h às 2h do dia seguinte.
São mais de 100 profissionais envolvidos no festival. As equipes são compostas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além dos demais profissionais que atuarão no fluxo administrativo do módulo. Outros 14 postos de urgência e emergência 24 horas do município (entre UPAs e Pronto-Atendimentos) e o SAMU 192 funcionarão todos os dias, ininterruptamente, servindo de retaguarda para as ocorrências de maior complexidade.
Balanço – O módulo assistencial à saúde montados pela Prefeitura exclusivamente para o Réveillon do ano passado contabilizou 555 atendimentos durante toda a folia, número 8% maior que a festa da virada do ano passado. Os atendimentos clínicos como enjoo, intoxicação alcoólica e dor de cabeça permaneceram como a principal causa das admissões nos postos com 81% do total de ocorrências, seguido dos procedimentos cirúrgicos de pequena complexidade (10%) e traumas ortopédicos (9%).
Do total de atendimentos, houve apenas 10 transferências para unidades de retaguarda, o que representa menos de 2% dos casos. Este ano, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vale dos Barris foi a principal referência para as transferências, absorvendo 40% das demandas oriundas da festa.
Nada de volante – E é sempre bom lembrar aquele bom e velho conselho: se beber, não dirija. A combinação entre volante e bebida alcoólica pode resultar em acidentes graves e tragédias, e ninguém quer começar o ano novo desta forma. Por isso, o ideal para quem vai beber é ir de ônibus, táxi ou mototáxi. A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) vai disponibilizar 400 ônibus diários e 56 ônibus extras da frota reguladora.