Pesquisadores e professores baianos estão se mobilizando para marcar presença novamente no desfile do Dois de Julho, chamando a atenção da sociedade para o grave momento vivido pela ciência no Brasil (particularmente na Bahia), carente de recursos para financiamento de pesquisas e outros projetos. A articulação está sendo feita pela Academia de Ciências da Bahia, fundada pelo ex-governador Roberto Santos e que tem hoje como presidente o pesquisador Jailson Andrade. O desejo do grupo é reunir cerca de 500 cientistas baianos, além de reitores e professores representantes de diversas universidades.
A falta de apoio à ciência no Brasil chegou a uma situação dramática, como argumenta o presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade, observando que a mobilização da sociedade se faz necessária como forma de chamar a atenção para o problema, levando o governo a recompor o orçamento reduzido.
Apoiador da iniciativa, o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, está especialmente empenhado em conseguir a adesão de diversas instituições acadêmicas. Praticamente todas as universidades baianas já foram contatadas e prometeram apoiar a manifestação enviando os seus representantes para a festa da Independência da Bahia. São elas: as federais da Bahia (UFBA), do Recôncavo (UFRB), do Oeste (UFOB) e do Sul da Bahia (UESB); e as estaduais da Bahia (UNEB), de Feira de Santana (UESF), de Santa Cruz (UESC) e do Sudoeste da Bahia (UESB). Além disso, também estão apoiando a iniciativa o Instituto FioCruz/BA, a Academia de Letras da Bahia, a Academia de Medicina da Bahia, a Academia de Medicina Veterinária da Bahia e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Presença na Lapinha
A participação da Academia de Ciências da Bahia e entidades apoiadoras ocorrerá na manhã do dia 2 de Julho, no Largo da Lapinha, próximo ao Coreto, exatamente onde tradicionalmente ocorre a concentração para a saída do desfile. A marcha dos cientistas baianos ocorrerá da Lapinha até a Soledade. “A ideia não é acompanhar todo o cortejo, que chega a ter duas etapas (manhã e tarde), mas marcar presença de forma a chamar a atenção do público e da imprensa para a falta de apoio à ciência”.
Andrade ressalta a importância da ciência para a sociedade e pontua: “ Trata-se de uma atividade complexa e que não pode ser descontinuada. Uma atividade que requer planejamento e financiamento adequados e de longo prazo”. Ao contrário, há pelo menos cinco anos o setor vem sofrendo cortes orçamentários significativos e que comprometem o seu futuro no Brasil.
O fato de a Academia ter escolhido os festejos pela Independência da Bahia para essa manifestação a favor da Ciência não foi por acaso, reveste-se inclusive de um valor simbólico. “O 2 de Julho é uma data heroica para a Bahia e o Brasil. Simboliza a verdadeira Independência do País. Nesse sentido, a Academia de Ciências da Bahia está liderando esta manifestação, com o objetivo de despertar a população para o valor da ciência, bem como revelar o perigo que a atual situação de penúria orçamentária representa para o futuro do país”, finaliza Jailson Andrade.
A Academia
A Academia de Ciências da Bahia é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos, fundada em 2010 pelo professor Roberto Figueira Santos, ex-Reitor da UFBA e ex-Governador do Estado da Bahia. Seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, fomentando a ligação entre os setores acadêmico, produtivo e governamental do Estado da Bahia. Para tanto, reúne cientistas e pensadores das áreas de Ciências Exatas, Agrárias e da Terra; Ciências da Vida; Filosofia e Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; e Artes.