Antes do primeiro som do berimbau, veio a aula sobre a origem do instrumento e sobre as árvores que foram utilizadas para confeccionar o instrumento. Esta foi apenas uma parte do Encontro Infantil Arte e Capoeira no Parque, que aconteceu na manhã deste domingo (19), no Parque São Bartolomeu. Cerca de 90 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos participaram do evento, que contou ainda com oficinas de musicalidade envolvendo outros instrumentos que fazem parte da história da capoeira, como pandeiro, agogô, reco-reco e atabaque.
O projeto, voltado para o público infantil, é resultado de ação coletiva de cinco grupos de capoeira da Bahia: Associação Cultural de Capoeira Gangara (São Caetano), Associação Regional da Bahia (Massaranduba), Grupo Berimbau Cruzado (Plataforma), Associação de Capoeira Calabar (Calabar) e Associação Cultural Renovação (Nordeste), com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).
Professora do grupo de capoeira Gangara e uma das idealizadoras do projeto, Franciane Simplicio explica que o encontro busca difundir e semear a capoeira associada à questão ambiental. “É um coletivo de mestres e educadores, que passam os conhecimentos de forma lúdica, trabalhando a importância da capoeira e dos seus elementos. É muito interessante ver a interação entre crianças de diferentes grupos de capoeira entre si e com o meio ambiente”, diz Franciane. “Isso nos mostra como é possível conviver em harmonia e aprender junto. A capoeira tem a força de unir e aproximar as comunidades”, completa.
Também idealizador do Encontro, Mestre Nal, do grupo Gangara, ressalta que o espaço do parque é ideal para discutir a questão ambiental. “Como educadores, a gente percebe que muitos valores estão se perdendo. Ao explicar a história dos instrumentos, a gente mostra que necessitamos da madeira das árvores como matéria-prima dos instrumentos e a necessidade de preservar a natureza”.
O pequeno “Esquilo”, como é conhecido Tiago Santos, 7 anos, começou a jogar capoeira na Associação Cultural Renovação, do Mestre The Flash quando tinha apenas dois anos. “Gostei muito de tocar o atabaque aqui e mais ainda de estar no parque. É muito bom conhecer outras pessoas também”, disse ele, enquanto tocava berimbau.
A cada toque do apito, as crianças passavam da oficina de um instrumento para outro, aprendendo como tocar cada um deles. “Gostei muito do encontro. Essa foi a primeira vez que toquei os instrumentos e já aprendi quase todos. Tá sendo muito legal passar o dia no parque porque só tinha vindo uma vez aqui”, disse Thawan Santos, 12, que pratica capoeira no Grupo Berimbau Cruzado, dirigido pelo Mestre Berico.
Em um outro canto do parque, a capoeirista Raíssa Elen Silva, 11 anos, que faz parte do grupo Associação Regional da Bahia, do Mestre Careca, coloria a cartilha de educação patrimonial sobre capoeira, voltada para o público infantil. “O evento aqui está sendo muito bom porque a gente aprende coisas novas. Adorei tocar o agogô. Não conhecia o parque e também gostei bastante”, contou Raíssa.
A cartilha foi desenvolvida por Franciane, juntamente com a capoeirista e socióloga Dayse Simplicio, mais conhecida como Mestre Formiga. Apesar de ser distribuída gratuitamente às crianças participantes do Encontro, outros grupos de capoeira que também trabalham com crianças podem solicitar o material através do e-mail: marecheiaproducoescriativas@gmail.com. Ao final do evento, todas as crianças participaram de uma animada roda de capoeira.
Uma segunda edição do Encontro Infantil Arte e Capoeira no Parque irá acontecer, no dia 30 de abril, no Parque de Pituaçu, a partir das 8h. Apesar de ser voltado para o público mirim que faz parte dos grupos de capoeira participantes, crianças que estiverem presentes no parque também podem participar das atividades.
Juliana Montanha – CORREIO