As profissões que mais cresceram proporcionalmente em relação ao total de candidatos nesta eleição são as de empresário e advogado, apontam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Neste ano, 10,3% dos candidatos declaram ser empresários. Há quatro anos, eram 9,4%, um aumento de 0,9 ponto percentual. Já os advogados cresceram de 5,5% para 6,3%.
As duas profissões são também as ocupações mais comuns entre os candidatos com pedido de registro no TSE em 2018. São mais de 4,6 mil dos aproximadamente 28 mil candidatos deste ano.
Em terceiro lugar, está a ocupação de deputado — ou seja, pessoas que já ocuparam o cargo político anteriormente e estão provavelmente tentando a reeleição ou a mudança para outro cargo político. A proporção de candidatos que constam como deputados, porém, permaneceu a mesma entre 2014 e 2018: 4,1%.
Já na outra ponta, os servidores públicos, tanto estaduais quanto municipais, os vereadores e as donas de casa foram os profissionais que mais tiveram queda proporcionalmente em relação a 2014. A maior baixa foi encontrada entre os servidores públicos estaduais, de 3,8% para 2,5%.
Para o cientista político e doutorando na Universidade de São Paulo (USP) Rafael Moreira, não é possível saber de fato o que pode estar causando estas altas e baixas das profissões. Moreira cita a hipótese de que uma maior diversificação nas profissões dos candidatos possa estar modificando as proporções das ocupações como um todo.
“Pode estar refletindo o que está acontecendo na sociedade brasileira, com uma série de novos cursos, com abertura de novas faculdades. Isso de alguma forma pode estar se refletindo na política. Pode ser também um aumento do leque partidário, com mais partidos abrindo espaço para profissões diferentes”, afirma.
Profissão e gênero
Empresários e advogados são também as ocupações mais comuns tanto entre homens quanto entre mulheres candidatas. A principal diferença é a ampla presença de deputados entre os homens (5,2% dos candidatos, sendo a terceira ocupação mais comum entre os candidatos) e a baixa entre as mulheres (1,6%, a 15ª profissão mais comum).
Outra diferença ligada ao sexo do candidato é a ocupação de dona ou dono de casa. É a terceira ocupação mais comum entre as mulheres, representando 5,1% das candidatas. Já entre os homens, a profissão fica em 168ª posição, com apenas 0,01% dos candidatos.
Para Moreira, essas disparidades são reflexo de duas coisas: a visão brasileira da divisão social do trabalho, de que os afazeres domésticos cabem apenas à mulher, e a baixa entrada feminina na política. “Tem uma diferença de gênero muito grande no parlamento, na política. Então é de se esperar esse resultado, pois tivemos poucas mulheres deputadas até hoje”, afirma.
Disputa por cargo
Os empresários também são mais comuns entre os candidatos tentando os cargos de deputado distrital, federal e estadual. Já entre os candidatos a governador, senador e vice-governador, os advogados são mais numerosos que os empresários.
A disputa para a Presidência e a Vice-Presidência são as mais diferentes, levando em consideração que há bem menos candidatos que as outras disputas. Entre os aspirantes a presidente, há dois engenheiros e dois historiadores. Já entre os candidatos a vice, são dois professores de ensino médio, dois professores de ensino superior e dois senadores, além das outras profissões únicas.
Profissões únicas
Há 214 profissões listadas apenas uma vez pelos candidatos nas eleições deste ano. Veja 20 delas:
Astrólogo
Bombeiro e instalador de gás, água, esgoto e assemelhados
Ceramista e oleiro
Comandante de embarcações
Embalador, empacotador e assemelhados
Engraxate
Fiandeiro, tecelão, tingidor e assemelhados
Físico
Governanta
Lavador de veículos
Office-boy e contínuo
Paramédico
Protético
Relojoeiro e montador de instrumento de precisão
Salva-vidas
Securitário
Tapeceiro
Técnico de mineração, metalurgia e geologia
Trabalhador de fabricação de produtos de borracha e plástico
Trabalhador de fabricação, vulcanização e reparação de pneumáticos
Fonte: G1