Por Gustavo Garcia, Luiz Felipe Barbiéri e Roniara Castilhos, G1 e TV Globo — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro se reuniu por poucos minutos nesta quinta-feira (14), no Palácio do Planalto, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O encontro aconteceu à tarde, depois de Bolsonaro, em uma videoconferência pela manhã com empresários, tecer críticas à condução de medidas provisórias pelo presidente da Câmara.
“”Conversamos sobre o momento, sobre como é que cada vem enxergando esta crise. Nós sabemos qual é a posição do presidente, hoje mesmo ele falou. Eu tenho a minha posição. Ele sabe qual é. O que eu disse ao presidente é que precisamos encontrar os pontos que nos unem”, afirmou Maia na Câmara em entrevista após o encontro, em referência à crise do coronavírus.
Segundo ele, “o importante é que todos possam voltar a sentar à mesa e discutir os caminhos. Por exemplo, a importância de a gente conseguir acelerar e aumentar o número de brasileiros testados”.
“Os conflitos, as brigas, elas geram insegurança, perda da confiança da sociedade”, declarou Maia. “Meu papel institucional é levar ao presidente a pauta da Câmara e mostrar o que nós estamos fazendo”, acrescentou.
‘A minha obrigação é manter sempre o diálogo’, diz Maia após encontro com Bolsonaro
Na reunião virtual com empresários, Bolsonaro criticou, sem citar o nome de Rodrigo Maia, a posição do presidente da Câmara, favorável ao isolamento social, conforme recomendam especialistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Parece que quer afundar a economia, para ferrar o governo, para talvez tirar um proveito político lá na frente”, disse Bolsonaro.
Durante a entrevista, um jornalista questionou o presidente da Câmara: “Ele [Bolsonaro] acusou o senhor de boicotar o governo”. “Nós vamos construir os caminhos para sair da crise. Eu não vou responder a essa pergunta”, afirmou Rodrigo Maia.
Bolsonaro também criticou a entrega da relatoria da MP 936, que flexibiliza contratos de trabalho, ao deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
“Entregar a MP da flexibilização de contratos para o PC do B é para não resolver. Então, tem gente que não é do governo, está lá dentro de outra Casa, que não quer resolver o assunto. Parece que fez acordo com a esquerda. E não dá para fazer acordo com a esquerda. Nós já sabemos qual é a linha da esquerda. É uma linha sindical, é uma linha que realmente não tá voltada para o desenvolvimento”, disse Bolsonaro aos empresários.
Segundo Maia, todas as vezes em que Orlando Silva relatou matérias se saiu bem. “É um excelente relator”, afirmou.
Bolsonaro fez, ainda, críticas à tramitação da MP 910, que trata da regularização fundiária e perderá validade por falta de acordo na votação. O texto está no plenário da Câmara, mas os líderes já fecharam acordo, e foi protocolado um projeto de lei com teor similar, em vez de avançar a MP enviada pelo governo.
“Nosso diálogo foi para manter o diálogo, não foi para dividir”, disse Rodrigo Maia. “Como presidente da Câmara, tenho a responsabilidade de estar sempre dialogando”, afirmou. “Meu papel na Câmara tem sido construir pontes, construir diálogos”.
Enem
Maia afirmou que durante o encontro levou ao presidente uma demanda da Câmara sobre o adiamento do Enem deste ano.
Segundo o presidente da Câmara, Bolsonaro “ficou muito sensível” e vai avaliar para dar uma resposta ao pleito dos deputados.
“Melhor uma solução que passe pela decisão do presidente com diálogo com o parlamento do que uma decisão do parlamento de suspender por lei ou decreto legislativo a decisão do governo de não adiar, até o momento, as provas do Enem”, afirmou Maia.
Visita ao comitê de crise
Antes de se reunir com o presidente, Maia visitou, ao lado dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Braga Netto (Casa Civil), o Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19, (Ccop), instalado no segundo andar do Palácio do Planalto. O Ccop faz parte do Comitê de Crise da Covid-19, coordenado pela Casa Civil.
Depois do breve encontro com Rodrigo Maia, Bolsonaro foi até a rampa do Palácio do Planalto, onde permaneceu por 15 minutos. O presidente da República não falou com jornalistas; somente acenou para apoiadores.