Bases Comunitárias oferecem cursos gratuitos; saiba como participar

O trabalho das Bases Comunitárias de Segurança (BCS) de Salvador e região metropolitana, que integram o programa estadual Pacto Pela Vida, tem ido além da promoção da segurança pública. Policiais militares dedicam tempo para promover cursos gratuitos para os moradores das localidades onde as bases estão inseridas. Eles oferecem aulas de música, reforço escolar, arte, judô, karatê, xadrez, informática e outras atividades voltadas para todas as idades. As inscrições estão abertas e podem ser feitas na própria base comunitária.

Os projetos aproximam a comunidade do trabalho da polícia, estimulam o aprendizado e já começam a revelar jovens talentos. No bairro do Calabar, na capital, os PMs comandam três projetos. O Luta Cidadã oferece aulas de judô, o Educação de Base disponibiliza reforço escolar e o Primeiro Som permite ao aluno ter noções de música, por meio dos instrumentos e do canto.

Para o comandante da base do Calabar, capitão Alã Carlos dos Santos, a recepção dos cursos na comunidade integra as famílias às aulas e muda o sentimento da população em relação à PM. “Essas são ferramentas de aproximação. As bases comunitárias nasceram para aplicar a filosofia da polícia comunitária e participar ativamente da vida da comunidade, promovendo cidadania e educação”, explica o comandante.

Para participar das aulas, é preciso mais do que interesse, os jovens devem ter compromisso nos cursos e fora deles. É necessário estar frequentando regularmente a escola e mostrar bons resultados. O soldado Kleber Reis, professor de judô, costuma perguntar aos pais o comportamento dos filhos em casa e cobrar o boletim escolar.

“O esporte pode levar para esse jovem o senso de responsabilidade e também de compromisso, mas é preciso ir além. Aqui, não participam da graduação e não trocam de faixas aqueles meninos ou meninas que perderam de ano, por exemplo. É uma forma de estimular o desenvolvimento dessas crianças além das aulas”, conta o professor.

Segundo o adolescente Jônatas Gomes, 17 anos, que frequenta as aulas de judô há dois anos, a experiência mudou o que ele pensava sobre a polícia. “Antes do projeto, a gente não tinha a imagem que a gente tem hoje do policial, que eles podem ser também professores. Eu tinha a ideia que eles eram aqueles homens que entravam na favela para pedir ordem e usar a força, se necessário. Mas quando eu fui conhecendo [o projeto], fiquei aqui. Gosto muito das aulas e já mudei de faixa duas vezes”, comenta.

Jônatas também participa do projeto Primeiro Som, onde aprende a tocar clarinete com o professor, saxofonista e soldado Leonardo Agrellos. Para o professor, essa é a realização de um sonho. “Há algum tempo que sonhávamos implementar as aulas de música e tem sido muito gratificante. Alguns dos meninos conseguem aprender muito rapidamente e mostram uma intimidade com cada instrumento, mesmo com o pouco tempo de aprendizado. É muito prazeroso e surpreendente para nós, professores, também”, afirma o soldado Agrellos.

Ainda na Base Comunitária do Calabar, o soldado Everton Lobo, que possui licenciatura em matemática, se propõe a ajudar quem estiver com dificuldades na escola. O reforço é voltado para todos, incluindo aqueles que não participam dos projetos de esporte e música. A iniciativa é mais uma forma de envolver a comunidade e promover a educação através dos policiais militares.