Os atletas aprenderam sobre o modo de ação dos agentes criminosos e as modalidades de tráfico, a exemplo da exploração em clubes de futebol.
O futebol, esporte popular, que leva aos sonhos milhares de crianças cuja perspectiva é trocar as partidas da rua ou do campo do bairro por grandes estádios, pode ser uma ferramenta para o tráfico de pessoas. O alerta foi feito na tarde desta quarta – feira (12) durante a palestra promovida pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), no auditório do Centro de Treinamento do Bahia, em Lauro de Freitas. Atentos ao debate, realizado pelo coordenador do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (SUDH/NETP), Admar Fontes, os atletas dos times sub-15 e sub-17 aprenderam sobre o perfil das pessoas traficadas, modo de ação dos agentes criminosos e as modalidades de tráfico de pessoa, a exemplo da condição análoga ao trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de órgãos, exploração da mendicância, servidão doméstica, transporte de substâncias ilícitas e exploração em clubes de futebol.
O caso do falso olheiro de futebol, que no mês de julho foi preso em Brasília com 12 crianças, e supostamente fariam teste no Bahia, durante 30 dias, foi destacado pelo coordenador do NEPT como exemplo de uma realidade bastante comum neste contexto. “O futebol é visto como um esporte que promove a ascensão, e essa realidade somada à fragilidade social, vira um campo propício para o tráfico humano, uma ideia sedutora, que torna a criança e o adolescente uma presa fácil. Com esse pano de fundo, os supostos empresários oferecem possibilidades de triunfar em um grande clube. No entanto, garotos podem virar alvo de trabalho infantil e ainda de redes de exploração sexual ou tráfico de pessoas”, esclareceu Admar.
O presidente do Bahia, Marcelo Sant’Ana, parabenizou a iniciativa da SJDHDS e conversou com os atletas sobre os cuidados que eles devem ter durante a carreira profissional “ O atleta precisa ter calma, compreender que o sucesso profissional não acontece de forma mágica, e que precisa estar embasado com a formação educacional”, advertiu. Sant’Ana ainda esclareceu que “ as decisões para assinatura de futuros contratos dos atletas devem ser respaldadas pelo orientação dos psicólogos, das Mães Sociais e do treinador da Divisão de Base, para que os garotos não sejam vítimas da exploração de falsos olheiros”.
A palestra foi acompanhada também por integrantes da equipe técnica do Bahia, o coordenador da divisão de base, Paulo Ricardo, a assistente social, Alessivânia Chaves, o psicólogo Rafael Ramos, a mãe social, Aline Castro, a gerente administrativa, Luana Moreno e a coordenadora administrativa, Andreia Matos.