O prefeito ACM Neto vetou o projeto do vereador Edvaldo Brito (PSD) que dava o nome do artista plástico, escritor e sacerdote afro-brasileiro Mestre Didi, ao viaduto situado na Avenida Orlando Gomes, em frente à Rua da Gratidão. A alegação para o impedimento foi a impossibilidade de uma pessoa dar nome a dois logradouros numa mesma cidade. O veto foi confirmado pela maioria dos vereadores na sessão de hoje (11.06).
“Ora, trata-se de uma filigrana jurídica, já que não propus mudar o nome da avenida, e sim nomear um equipamento que nela está. A língua portuguesa tem dessas artimanhas, pois logradouro seria o local onde se logra algo, e o viaduto faz apenas a ligação, não seria logradouro”, declarou Brito. Segundo o vereador, “é inconcebível que um prefeito eleito pelo povo, formado na sua maioria por negros, negue essa simples homenagem a um dos maiores representantes que o povo da Bahia já teve, principalmente o povo das religiões de matriz africana, pois Deoscóredes Maxiliano dos Santos, o mestre Didi, nascido em 1917 e filho da lendária Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, levou o nome da Bahia para o mundo. Eu fui testemunha, em 1983, na África, do reconhecimento dos reis Ashantis ao Mestre Didi, como um dos maiores dignitários negros do planeta”.
Brito, na declaração de voto, agradeceu a solidariedade da vereadora Lorena Brandão (PSC), que o acompanhou nas homenagens e defende o nome do sacerdote no viaduto. “Vou recorrer desse veto ou vou apresentar outro projeto aqui na Câmara Municipal, reiniciando todo o trâmite, para que o povo baiano tenha a satisfação de ver o nome de Mestre Didi naquele viaduto. Ou então apelarei ao Governo do Estado, já que o viaduto é estadual, para que essa homenagem seja efetivada”, concluiu Brito.