
Uma reintegração de posse de um terreno que fica na localidade de Escada, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, foi suspensa após resistência dos moradores da ocupação, na manhã desta sexta-feira (27). Segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), a ação foi interrompida para iniciar um novo diálogo com os moradores.
Segundo Wagner Moreira, membro da coordenação jurídica do Movimento sem Teto da Bahia (MSTB), a equipe da Conder chegou à comunidade por volta das 9h, acompanhada de quatro viaturas, dois caminhões de mudanças, duas caçambas e uma retroescavadeira.
“As pessoas estão desesperadas. Eles perguntam: ‘vão levar a gente para onde? não adianta botar no caminhão de mudança, porque não vai ter para onde levar. Melhor deixar as coisas na calçada'”, comentou Wagner Moreira.
Segundo o representante do MSTB, cerca de vinte famílias retornaram ao local desde o início do ano após descobrir que uma praça seria construída no terreno. Eles foram notificados na quarta-feira (25). “Havia uma ocupação aqui entre 2007 e 2011 e esse pessoal saiu após um incêndio. Esse terreno foi doado ao Estado para a construção de moradias populares para essas famílias. Eles saíram daqui, inclusive, com a promessa de que começaria a obra e passaram a receber o aluguel social”, relatou Wagner Moreira.
Por outro lado, a Conder diz que as famílias que estão sendo expulsas da área não são remanescentes do incêndio e que todos os moradores cadastrados foram contemplados com uma habitação construída ao lado do terreno ocupado. Ainda de acordo com a Companhia, os moradores que seriam retirados hoje do local já recebem aluguel social e precisam se cadastrar em outros programas sociais de habitação, como o Minha Casa Minha Vida. “Eles estão reclamando que R$300 não dar para pagar aluguel”, explicou Moreira.
Segundo a Conder, os 14 barracos e quatro casas de alvenaria foram instalados em área irregular e imprópria para construção de moradias. “O local será usado pelo Estado para a construção de um equipamento que irá atender uma comunidade maior que esta, como uma praça, por exemplo, já que nesse local não pode ter habitação”, disse por meio da assessoria. A Companhia também informou que ainda não há definição do que será construído no terreno e que equipes de assistência social voltarão a negociar a saída com os ocupantes.
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