Maior hospital público do Norte-Nordeste, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) passou a oferecer uma nova modalidade de neurocirurgia à população baiana. Trata-se da rizotomia percutânea por balão para tratamento da neuralgia do trigêmeo – considerada uma das dores mais violentas que afligem o ser humano.
A neuralgia do trigêmeo, conforme explica o neurocirurgião Carlos Eduardo Romeu, é uma dor facial muito intensa que pode ser referida como ‘choque’ ou ‘facada’, semelhante a uma dor de dente, com duração de alguns minutos e caráter crônico e recorrente: “atinge, principalmente, pessoas a partir dos 50 anos, porém pode ocorrer em qualquer idade. A principal causa é o posicionamento anormal de uma artéria que comprime o nervo trigêmeo na sua região de saída no tronco cerebral”.
De acordo com Romeu, no caso realizado no HGRS nesta segunda-feira, 1º, a paciente não respondeu ao tratamento inicial – realizado com medicamentos – e, então, a dor se tornou refratária e incapacitante. “O tratamento pode ser feito através de microcirurgia para separação da artéria do nervo e os pacientes mais jovens e saudáveis são os candidatos ideais para este procedimento. Nos pacientes com piores condições clínicas ou que não aceitem cirurgia, pode-se realizar a destruição parcial do gânglio de gasser [rizotomia] pela técnica de radiofrequência, compressão por balão, ou radiocirurgia”, detalha o médico.
Apesar do primeiro procedimento desse tipo ter sido realizado há cerca de 10 anos no HGRS, a unidade não dispunha de material específico para realizá-lo frequentemente. Hoje, com a implantação de uma agulha criada no hospital, efetiva, esse procedimento será estendido.
Neurocirurgia do HGRS
Responsável por 85% da demanda de neurocirurgia da Bahia, o Hospital Geral Roberto Santos já realizou mais de 200 neurocirurgias desde o início da pandemia do novo coronavírus – a Covid-19. Nesse período, inclusive, a unidade operou o cérebro de dois pacientes enquanto estavam acordados.
“As neurocirurgias, na maioria das vezes, são urgentes. Então, os casos de tumor cerebral, aneurisma e hidrocefalia não param de aparecer. Felizmente, recebemos um novo microscópio, com mais recursos, para nos ajudar. O objetivo é conseguir atender, pelo SUS [Sistema Único de Saúde], a todos que precisam, mesmo com a pandemia”, afirma Leonardo Avellar, coordenador do serviço de neurocirurgia do HGRS.