(Foto: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo)
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A desembargadora Susana Casteneda, que coordena 14 juízes do Núcleo Especializado em Crimes de Corrupção no Peru, visitou a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba (PR) e em Brasília (DF).

Além do Peru, outros 23 países já pediram ao Ministério Público Federal (MPF) do Brasil ajuda para investigar casos de corrupção envolvendo a atuação de empreiteiras brasileiras no exterior.

Susana Casteneda contou que ficou impressionada com o volume de trabalho e com a agilidade do processo eletrônico, que fica disponível na internet, incluindo os vídeos dos depoimentos prestados à Justiça Federal do Paraná, onde correm os processos da Lava Jato na primeira instância.

Para a desembargadora, é necessário que a população e os meios de comunicação se interem de imediato, sobretudo para a transparência dos processos. “Considero importantíssimo”, disse.

Susana Casteneda quer testar o modelo no Peru. Lá, as investigações começaram em dezembro de 2016, quando foi divulgado o acordo da Odebrecht com os EUA, em que a empresa assumiu que pagou US$ 29 milhões em propina no país. Outras empreiteiras brasileiras, envolvidas na Operação Lava Jato, também estão na mira da Justiça peruana.

O primeiro processo relacionado à Odebrecht foi aberto em janeiro deste ano, na Justiça do Peru. Desde então, são mais três processos por corrupção e mais um por lavagem de dinheiro. Todos estão em fase inicial, e a expectativa é que as sentenças saiam em dois anos. Dois ex-presidentes são réus na Justiça.

No caso da construção da estrada interoceânica, pela Odebrecht, a investigação de propina chegou a Alejandro Toledo, que foi presidente de 2001 a 2006. Susana Casteneda explicou que há uma ordem de captura internacional contra Alejandro Toledo e que se começou um processo de extradição, pois ele vive nos Estados Unidos.

Ollanta humalla, que deixou a presidência no ano passado, teria recebido dinheiro da Odebrecht para a campanha em caixa dois. Neste mês, procuradores peruanos foram ao Brasil para ouvir o depoimento de Marcelo Odebrecht, que está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.

A suspeita de propina nas obras do metro de Lima levou quatro pessoas para a cadeia. Em outras investigações, foram presos dois políticos com cargos equivalente ao de governador no Brasil.

Os Ministérios Públicos de Peru e o do Brasil estão analisando como usar na Justiça peruana as delações premiadas dos ex-executivos brasileiros. Por enquanto, os temas internacionais do acordo da Odebrecht estão em sigilo, mas o prazo vence dia 1º de junho e se aguarda o que vai ser liberado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Susana Casteneda comparou os casos de corrupção no Brasil e no Peru e disse que, aparentemente, é a mesma modalidade. No Peru, se investigam aditivos que provocaram sobrepreço em contratos de obras públicas, dinheiro depositado em contas offshore no exterior. Ela afirmou que a Justiça do Peru vai apurar as responsabilidades de cada um dos acusados.

Fonte: G1