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Breno Cunha
breno@varelanoticias.com.br

A denúncia feita a seguir é grave e seu efeito pode ser devastador. Para Schirley Pinheiro, é uma forma de defesa por conta das sucessivas ameaças que recebeu da secretária de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, Taissa Gama (PTB).

A relação de Schirley com Taissa começa em agosto de 2015, quando a estudante de direito foi apresentada ao deputado federal Benito Gama (PTB) para participar da campanha de Taissa Gama a uma vaga na Câmara Municipal de Salvador. Schirley recebeu a equipe do Varela Notícias em seu apartamento, nesta quarta-feira (29), e detalhou como tudo começou.

“Eu fui  até o escritório do deputado através de um amigo meu, me apresentar, estava na época de organizar a campanha [um ano antes da eleição]. O Mateus me pediu que eu voltasse no dia seguinte. Conversei com ela [Taissa] no outro dia e já comecei a trabalhar. Gostei porque dois dias depois seria meu aniversário e eu finalmente estava empregada. Até então eu fazia trabalho na comunidade. Passado o tempo, ela começou a querer que eu fosse para o escritório do deputado [Benito Gama], trabalhar de lá, sendo que não era esse o combinado, mas eu aceitei. Passei a frequentar regularmente lá”, explica.

Schirley explicou que o mal-estar com Taissa começou após a entrada de outra funcionária no gabinete de Benito Gama, em setembro do ano passado. Por isso, a denunciante pediu para que Taissa conseguisse um emprego para ela em outro local, promessa feita pela secretária e que jamais foi cumprida. “Começou uma fofocada que eu não gostei. Essa pessoa é ex-esposa do subprefeito de Itapoan, Alessandro. Eu deixei um grupo de WhatsApp uma semana após as eleições, acho que ela achou isso uma afronta, e isso começou a gerar um mal-estar no gabinete, pra todo mundo. Não sei qual era o intuito de Taissa com a outra, que achou que era melhor do que eu. Não sei o que aconteceu pra ela [Taissa] fazer isso comigo”, conta Schirley.

A estudante prossegue explicando que a insatisfação com a atual secretária se intensificou após não ter descanso depois das eleições, diferentemente de colegas que trabalharam na campanha.

“Passou a eleição, todo mundo tirou férias, menos eu. Quando eu fui pedir uma licença de um dia pra levar minha filha pra escola, ela disse que o pai dela [deputado Benito Gama] iria estar lá no gabinete, era pra eu ir pra reunião. Ela não deixou. Fazia um ano que eu não fazia mais nada da minha vida, apenas vivi para a campanha de Taissa Gama. Meus amigos dizem ‘você se dedicou tanto pra ter esse retorno?’. Ok, eu fui pra lá, trabalhei normalmente”, fala.

Passados alguns dias, Schirley conta que ganhou as férias que queria, no dia 19 de outubro, e ficou em casa até janeiro enquanto aguardava onde seria o novo local de trabalho. Até que soube que foi exonerada quando o salário não entrou na conta.

“Ela pediu para uma secretária dela dizer que eu tinha que tirar as férias a partir daquele dia mesmo e que era pra eu voltar com a cabeça mais tranquila. Quando mandei mensagem para o marido dela, ele respondeu que ‘estavam regularizando documentos [no outro emprego prometido], a pessoa que você vai substituir está no aviso [prévio]’. Até hoje nada. Eu ainda estava recebendo [salário] porque ela tinha essa promessa de trabalho comigo. Cheguei no banco pra tirar o meu salário, não tinha. Liguei para perguntar e me disseram que eu tinha sido exonerada. Eu não sabia”, prossegue.

“Passado isso, continuei esperando o emprego que Taissa me prometeu, até março, sem receber salário, até que eu procurei o deputado. Porém em nada resolveu, nada me ajudou. Pra mim o silêncio dele foi a resposta. Ele disse que queria conversar pessoalmente, mas eu não consegui falar com ele. Taissa soube que eu procurei o pai dela. Taissa me ligou do jeito que está nos áudios”, diz. Questionada sobre se ficou surpresa com a atitude da petebista, Schirley é enfática:

“Surpresa? Tamanha surpresa que eu não conseguia nem responder. Eu não tinha o que responder. Ela estava me ameaçando e me agredindo. Eu fiquei tão surpresa que perguntei a ela ‘eu estou ouvindo isso da secretária de mulheres, infância e juventude?’. Você conviver com a pessoa é uma coisa, mas a gente só conhece quando se separa, é igual a casal. Eu acho que ela não tem competência nenhuma pra assumir um papel desse diante dos fatos que ocorreu comigo. Eu, como mulher, como mãe. Ela ameaçou ir na casa de minha mãe, que tem 75 anos e tem problema de saúde”.

Schirley prestou queixa na 6ª Delegacia, em Brotas, no dia 22 de março, dia seguinte ao que recebeu as supostas ameaças de Taissa Gama, e entrará na Justiça contra a atual secretária: “Estou processando Taissa Gama por todos os crimes que ela cometeu. Difamação, injúria, calúnia, crime de ameaça. Ela cita que ia para a escola de minha filha atrás de mim, de repente pra constranger minha filha”.

O OUTRO LADO:

Em contato com a reportagem do Varela Notícias, a secretária Taissa Gama confirmou a informação de que Schirley pediu um novo emprego e afirmou ter ficado chateada com algumas publicações que a ex-funcionária fazia em redes sociais.

“Schirley foi presidente do PTB Mulher Salvador, ela saiu, depois da eleição saiu, e por meio de redes sociais ficou colocando várias coisas, chamando lideranças do partido para conversar, abrir um novo partido, até o dia em que ela perguntou se tinha emprego, a gente ficou de arranjar emprego pra ela. A gente disse que do modo que ela trabalhava, a gente não queria mais que ela trabalhasse com a gente. Ela postou algumas coisas no Facebook”, disse.

Sobre as ligações telefônicas, nas quais a secretária xinga e fala em tom de ameaça com a ex-funcionária, Taissa confessa ter “falado de forma mais dura” e diz se arrepender. Além disso, ela acusa Schirley de ter pedido dinheiro pelas gravações.

“Eu liguei pra ela no meu telefone pessoal, no meu horário de almoço, como pessoa física eu realmente saí do meu controle e falei com ela de forma mais dura. Me arrependo de ter ligado pra ela, mas essa gravação que ela fez é ilegal. Ela não me avisou hora nenhuma que estava gravando, só no final. E ainda ameaçou, pedindo dinheiro por essa gravação. Não tenho nada a temer”, falou.

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