
O governo do estado vem batendo cabeça desde a gestão passada sobre o tratamento dado ao Centro de Convenções da Bahia. Chegou a lançar editais para concessão à iniciativa privada, mas não teve êxito. Há muito tempo, temos visto inúmeras notícias negativas sobre a péssima refrigeração, problemas nos elevadores e escadas rolantes, degradação do mobiliário e equipamentos…
O ápice dos problemas se deu durante um congresso de Medicina, com banheiros entupidos e mau cheiro. A entidade médica internacional distribuiu carta em repúdio às condições do CCB e, após isso, muitos congressos e feiras foram cancelados e desviados para outras cidades e países. Em março deste ano, o pavilhão de feiras foi interditado com risco de desabamento da cobertura.
Durante as discussões sobre possíveis investimentos que deixariam um legado da Copa do Mundo, foi cogitada a possibilidade da Bahia ganhar um novo centro de convenções. Bem, não é preciso falar mais nada sobre os tais legados da Copa para Salvador: aeroporto com pista esburacada e eternamente em obras, terminal marítimo ainda não inaugurado e metrô que vive em “operação assistida”. Agora, vem mais especulações que só fazem mais confusão.
O governador diz que vai construir um novo centro de convenções no Comércio. Sabe onde? Na área do Hospital Naval e Batalhão de Fuzileiros Navais! Claro que só após a Marinha autorizar, os recursos orçamentários estiverem assegurados, achar um grupo privado que queira investir, viabilizar construção da prometida linha de VLT ou metrô até Avenida da França, elaborar projeto executivo, licitar, contratar, construir e concluir. No ritmo das obras públicas, como a ponte Salvador-Itaparica, Fiol e Porto de Ilhéus, arrisco afirmar que, se realmente acontecer, ficará pronto em 10 anos.
Já o secretário de Turismo diz que transferirá as feiras para o Parque de Exposições. Só não combinou com o pessoal da agropecuária.O turismo de eventos e negócios é fundamental para Salvador para assegurar a movimentação na baixa estação e aquecer a cadeia produtiva que mais emprega na cidade. Já fomos o 3º destino nesse segmento, com reconhecimento internacional e taxa média de ocupação hoteleira acima de 60%.
Nos últimos anos, perdemos espaço para outras cidades nordestinas, como Recife e Fortaleza, esta última com um dos mais modernos centros de convenções da América Latina. Refutamos qualquer iniciativa, neste momento, que não seja a plena recuperação do atual Centro de Convenções da Bahia.
É preciso correr com isso, governador! Não podemos perder mais um minuto, muito menos uma década. Não estamos lutando contra um novo equipamento com logística e tecnologia avançadas, mas o mais inteligente é tornar o atual operacional, enquanto se constrói um com capacidade de atender à demanda por mais 40 anos.